O PURIFICADOR
Desde os tempos mais remotos,
o sal é utilizado pelos homens e é considerado um bem muito precioso.
Consideravam eles que era uma dádiva dos Deuses, e associaram-no tanto à
religião, como à magia e à bruxaria. Além disso, o seu valor monetário e
econômico era comparável ao do ouro, da seda e das especiarias.
Na Antiguidade, era
oferecido aos deuses, era usado pelos sacerdotes tanto em liturgias religiosas
como em cerimônias mágicas, como para afastar os demônios. Os assírios
utilizavam-no nos cultos religiosos.
No antigo Egito, o sal era
considerado produto sagrado, sendo feitas oferendas de sal aos Deuses. Os
Egípcios usavam igualmente o sal para desidratar e embalsamar o corpo dos
faraós.
Os romanos consideravam o
sal um símbolo de sabedoria, e por isso usavam-no num ritual aos
recém-nascidos: derramavam sal sobre eles para que não lhes faltasse a
sabedoria.
Os romanos e os
gregos nos seus sacrifícios aos deuses do lar, deitavam sal na cabeça do animal
para purificá-lo. Para eles, o sal simbolizava igualmente a destruição e a infertilidade,
daí a pratica romana de espalhar sal nas terras conquistadas: elas se tornavam
estéreis para sempre. Era um sinal de perpétua desolação. Os romanos tinham uma
expressão para exprimir a infidelidade a uma amizade que era “trair a promessa
e o sal”. Assim, desde aqueles tempos a ausência de um saleiro sobre a mesa
representava um presságio, tanto quanto o sal derramado.
Da prática ritualística
destes povos, bem como do povo hebreu, de salgar os sacrifícios oferecidos aos
Deuses, nasceu uma superstição muito comum: se o sal era derrubado na hora do
sacrifício, prenunciava má sorte.
Para os hebreus, o
sal era um elemento purificador, sendo o símbolo da perenidade da aliança entre
Deus e o povo de Israel. No cristianismo, mantém-se a crença judaica do sal
como purificador, sendo colocado sal nos recém-nascidos no ritual batismo.
Na Idade Média, os
alquimistas usavam o sal como elemento entre o mercúrio e o enxofre, sendo
essencial à transmutação de metais. O sal continuava sendo indispensável para
afastar os maus espíritos, os demônios e as bruxas. Assim, deitava-se sal na
chaminé da casa para impedir os demônios de nela entrarem.
Proliferaram igualmente as
superstições relativas ao sal, mantendo-se a superstição de que desperdiçar sal
era mau agouro, era sinal de malefício.
Na obra de Leonardo da
Vinci, “A última ceia” retrata um saleiro derrubado diante de Judas e apontando
na sua direção. Já naquela época dizia-se que alguém que entornasse sal deveria
pegar nalgum do que foi derramado e lançá-lo para trás do ombro esquerdo, lado
que representava o mal.
Os árabes citam
recomendações de Maomé para: “começar pelo sal e terminar com o sal; porque o
sal cura numerosos males”.
Para os gregos, hebreus e
árabes o sal é considerado o símbolo da amizade e hospitalidade, sendo que na
Arábia comer sal acompanhado é considerado uma ação sagrada. No médio oriente
acredita-se que quando duas pessoas comem sal juntas, formam um vínculo. Por
isso, usa-se sal para selar um contrato.
No Marrocos deita-se sal
nos lugares escuros para espantar os maus espíritos. Em Laos e Sião, as
mulheres grávidas lavam-se diariamente com água e sal para se proteger contra
as maldições. Nos países nórdicos, coloca-se sal junto ao berço das crianças,
para as proteger. No Havaí, a pessoa que volta de um funeral polvilha sal sobre
si mesma, para garantir que maus espíritos que rondassem o defunto não a
acompanhem em casa.
O sal é amplamente
utilizado no esoterismo, em vários rituais de magia, pois tem uma vasta função
purificadora, seja ele usado sozinho seja em conjunto com outros elementos.
Colocar sal grosso em um copo faz absorver as energias negativas do ambiente.