sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

NOSSAS MUITAS VIDAS - SAINT GERMAIN


Uma Mensagem de Saint Germain,

Canalizado por Adriano Pereira,
a 5 de janeiro de 2017

"Conhecimentos considerados exotéricos, de magia, que nada mais é que o 'saber, entender e manipular as energias', de forma a obter o resultado que deseja."
Saint Germain



Queridos irmãos da Terra, Eu Sou Saint Germain, trazendo algumas palavras para este novo ano que se inicia. Muitos falam sobre minhas reencarnações passadas, sobre quais foram meus nomes, e por onde andei. Muito bem. Eu, assim como você, tivemos muitas encarnações, muitas vidas diferentes sobre a Terra, cada qual contribuindo para sua própria evolução e também contribuindo para o desenvolvimento coletivo. A diferença entre as minhas encarnações e as encarnações de muitos de vocês é que, eu sempre estive em plena consciência de quem eu era, de qual era a minha missão em cada vida, e o porquê de eu estar no lugar onde estava.

A plena consciência traz uma diferença brutal na forma como o ser humano enfrenta a vida, pois ele tem o pleno entendimento do todo, e das consequências de cada ação que toma, além de captar a verdade de tudo e de todos ao redor. Nada, absolutamente nada escapa ao ser em plena consciência.

Outro lado importante de um ser humano em plena consciência é o acesso as experiências passadas que teve, o que permite acessar conhecimentos considerados exotéricos, de magia, que nada mais é que o “saber, entender e manipular as energias”, de forma a obter o resultado que deseja.

Em cada época, ou era, da história da humanidade, eu assim como você, estivemos presentes, participando ativamente dos dramas e das alegrias de cada vida. Infelizmente, ao retornarem ao corpo físico, aqueles sem plena consciência de seu ser, de seu poder inato, tinham que começar a aprender as coisas de novo, e mais uma vez, de forma a que seu intelecto pudesse absorver novamente certo conhecimento para poder utilizá-lo.

Aqueles sem a plena consciência, ficam fragilizados aos ataques daqueles nesta dimensão ou em outras dimensões, que pretendem tirá-lo de seu caminho, prejudicando ao máximo a sua jornada terrestre, para que você não tenha a menor chance de se elevar e redescobrir quem você é.

A sabedoria dos diversos mestres que vieram sobre a Terra trazer a sua mensagem e exemplo, sempre foi devido a um estado de plena consciência, ou de um estado elevado de consciência, que possibilitaram a esses enviados manter sua missão no rumo que deveria, para perpetuar a sua mensagem.

O estado de plena consciência permite que cada um de vós readquiram o seu poder, poder este que sempre esteve com você.
Os mistérios da vida, os mistérios das escolas antigas, os mistérios de suas sociedades secretas, tudo isso, estará disponível para acesso imediato, assim que se elevarem individualmente a este estado de iluminação.

Assim, minhas muitas vidas foram como as muitas vidas que vocês tiveram, a diferença é que pude direcionar e canalizar as minhas forças e energias para aquilo que meu coração guiava.

Desejo que todos vós neste novo ano, saibam criar as condições, o ambiente e as ferramentas necessárias para criarem o novo. Um novo que vocês nunca conseguiriam sequer imaginar toda a sua beleza, o novo que vem sendo criado pelo seu coração divino.

Namaastê
Adriano Pereira
05/01/2016

*Postagem: Raio Violeta
*Imagem: Reprodução



O SIGNIFICADO DA CRUZ DE MALTA

A CRUZ DE MALTA
SÍMBOLO DO PODER CONTROLADO POR DEUS

Como a busca da felicidade constitui um tesouro apreciado, todos aqueles que gostariam de usufruir permanentemente desse tesouro podem considerar a cruz de Malta como uma simples forma-pensamento, por meio da qual, grandes verdades podem ser reveladas, para a bênção de todos.



O SIGNIFICADO 
Instruções dos Bem-Amados 
Elohins Ástreas e Pureza

A Cruz de Malta, símbolo da Minha Dedicação à Causa da Liberdade, é uma Cruz equilibrada, através da qual podemos demonstrar certos aspectos do Poder.

Como muitos compreendem, uma cruz representa o encontro de dois planos de consciência. A linha horizontal da Cruz simboliza o plano de consciência humana ou o plano do ego; A linha vertical da Cruz simboliza as Energias de Deus, descendo para o plano da matéria.

O centro, onde as duas linhas se cruzam, é o ponto (orifício) onde as Energias do Céu são liberadas para a Terra, e em Verdade, é neste ponto, o local do Poder de qualificação (das energias) - que necessita grande vigilância por parte de todos que usam o Poder em vários de seus aspectos, incluindo as muitas manifestações inorgânicas.

O Poder da comunicação em si, o Poder da Palavra Falada e o Poder da Palavra, quer liberada pela escrita, quer decretada pela espada, muda o curso da história e altera a vida daqueles atingidos por essa liberação (de energia).

As tramas do Poder sempre fluíram a partir do orifício, indicado pelo centro da Cruz. A Cruz de Malta foi projetada para ser um símbolo do Perfeito Equilíbrio (das energias).

Magnetizar as Energias enviadas do Alto e suas manifestações no mundo da forma, é a Perfeita Energia, irradiando adiante, tanto para a direita como para a esquerda num Perfeito Equilíbrio do Poder.


aqueles segredos alquímicos que irão assegurar-lhes não o abuso constante, mas o uso correto e glorioso do Poder de Deus

Instruções do Amado 
SAINT GERMAIN

Alguns de vocês podem desejar minha assistência pessoal na sua primeira tentativa de precipitação alquímica. Eu com satisfação, assistirei todos aqueles que silenciosamente requisitam minha ajuda, cuidando que o motivo seja correto e a mudança desejada seja benéfica ao seu plano de vida e desde que pratiquem atenção e oração sempre na busca da realização Vontade de Deus.

Deixe-me sugerir então, que vocês tentem, como primeiro esforço, a precipitação de uma ametista na forma de uma Cruz de Malta. Vejam vocês, isso seria excelente, pois eu pessoalmente tenho usado a alquimia para fazer muitos modelos experimentais. E estou muito feliz em acrescentar meu momentum ao seu próprio!



A CRUZ DE MALTA 
Cruz de Malta
Cruz Celta, Cruz de Saint Germain, Egípcia, Acadiana, Suméria, Asteca, Maia ou Tribais, enfim, em quase todas as culturas têm um significado muito anterior. A mais antiga foi datada de 4.500 a.C na Mesopotâmia, e foi encontrada em um objeto de cerâmica vitrificado (não se tinha na época tecnologia para uma temperatura acima de 1.000º C para ocorrer a vitrificação para fundir os metais, a sílica e o cloreto de sódio) mostrando o desenho de uma cruz, porém, seu significado, segundo arqueólogos é Nibiru que quer dizer “cruzamento”, e seu símbolo, como já foi dito, é uma cruz, fazendo um comentário da proximidade de Nibiru (12º planeta de onde vieram os Nefilim), com Tiamat (Terra em Sumério). Nesta localização onde foi encontrado o disco, existe uma inscrição de que seria o exato local onde os Nefilim teriam descido na Terra. (Portal Energético)


A cruz de Malta, símbolo do perfeito equilíbrio da chama de Deus, "assim na terra como no céu", fornece uma matriz de pensamento e energia, por meio da qual os efeitos nocivos do carma pessoal e planetário podem ser controlados e o Poder da virtude liberado em seu lugar, de modo que o uso do Poder pela humanidade não possa mais corromper a vida na terra.

Diz-se que "o poder tende a corromper e o poder absoluto corrompe inteiramente". O poder pode ser utilizado como o arco do Arqueiro Infinito, para lançar uma seta de perfeição no âmago da meta de felicidade do homem.

Como a busca da felicidade constitui um tesouro apreciado, todos aqueles que gostariam de usufruir permanentemente desse tesouro podem considerar a cruz de Malta como uma simples forma-pensamento, por meio da qual, grandes verdades podem ser reveladas, para a bênção de todos.

Contemplando a cruz de Malta colocada à nossa frente, vemos que os quatro braços simétricos que partem do centro têm uma forma triangular, larga na parte externa, com um formato em leque.

O braço superior, ou norte, que desce até o centro, lembra o recipiente superior de uma ampulheta. Na verdade, trata-se de um funil, através do qual as grandiosas energias de Deus - o Poder de Deus - descem para a taça (o cálice) do ser.

A ampla abertura lembra-nos que as energias infinitas da Fonte, e da capacidade de Deus transmiti-las ao homem. Portanto, sabemos que não precisamos aceitar nenhum tipo de limitação - seja ao receber ou dar a Luz ilimitada do cosmo.

O ponto de qualificação no centro da cruz indica que vocês sempre devem estar decididos, conscientemente, em seus corações e em suas mentes, a qualificarem sua energia concedida por Deus, com a pureza da intenção divina e com as virtudes de sua identidade crística.

Vocês não precisam ser fracos ou deixarem-se enfraquecer, quando enfrentarem as ondas de energia discordante - sejam suas ou de outrem. Tampouco é necessário serem rudes em sua recusa do erro humano; pois não é a pessoa, mas a energia impessoal, mal direcionada pessoalmente, que deve ser desafiada.

Portanto, estabeleçam-se em uma consciência firme e inflexível, que rejeita o mal como a mentira das más-qualificações do homem; e à medida que vocês inspirarem a essência do fogo sagrado, "flor do Poder", decidam-se a eliminar desta mentira seu Poder negativo, que se manifesta como espinhos da agressão.


Forçoso é reconhecer que, ao descer de Deus para o homem através do braço superior, estreitando-se no funil para fluir até o cadinho do ser, no ponto da cruz, a energia-ação atravessa o nexo e se abre para os três triângulos inferiores, manifestando-se na forma de Poder, Sabedoria e Amor no mundo da forma material.

Assim, as energias infinitas de Deus são moldadas pelas qualificações da atenção que o homem concentra no coração da cruz - sede de sua mente consciente. Por este meio, o Poder solidifica-se no mundo físico, tomando a forma de pensamentos, sentimentos, ações e da palavra falada do homem, estando a liberação de seu ser potencial, inteiramente dependente da motivação e da vontade de sua consciência.

O equilíbrio entre o braço superior, que recebe as energias do Espírito, e dos três braços inferiores, através dos quais as energias do Espírito aglutinam-se na Matéria e como Matéria, promove a manifestação harmoniosa do Poder de Deus, "Em cima como embaixo", dos planos da causalidade primordial para o efeito físico, como ensina a ciência Hermética.

Se a qualificação que o homem faz de seu quociente de energia espiritual, liberado pelo cordão de cristal da Presença do EU SOU, para o chakra do coração, mantivesse sua pureza desde o momento de sua entrada no cadinho da consciência, toda a manifestação no microcosmo refletiria a perfeição do macrocosmo. Pensem nisto!

As energias dos três braços inferiores, estendendo-se em leque, numa ação equilibrada a partir do centro da cruz de Malta, procedem então, do plano do Ser puro para a fase da forma, ou ação, da chama trina. O Poder (no braço esquerdo) retém a polaridade negativa, a menos e até que seja qualificado com a polaridade positiva do Amor divino (no braço direito). Analise detidamente esta afirmação!

Ora, o braço esquerdo da cruz denota a carga (de polaridade) negativa, da energia espiritual, caracterizada pela chama azul do Poder. O braço direito indica a carga (de polaridade) positiva, caracterizada pela chama rosa do Amor. E o braço inferior, indicando o eixo central dos lados (de polaridade positiva e negativa), caracteriza-se pela chama dourada da iluminação, que é dotada de dois pólos. positivo e negativo, com a direção e propósito da Sabedoria de Deus.

Portanto, tudo que se encontra abaixo no microcosmo, pretende constituir uma manifestação tríplice do fogo sagrado que desce do Alto no macrocosmo.

A energia liberada pela Divindade, a estrela D'Alva do Alto - ímã do Poder, ou a Presença do EU SOU, cintilando nas oitavas da perfeição - assim que entra nas oitavas inferiores da Matéria, assume o pólo negativo do ser, naquilo que é chamado de lado escuro da manifestação. Este lado de polaridade negativa da Vida, no qual o lado de polaridade positiva, do potencial liberado pelo Espírito, adentra a qualificação material.

As energias depositadas no espírito, quando precedidas pelo pensamento correto no braço esquerdo, ganham o ímpeto para a virtude divina, pelo Poder da coesão e atração do Amor, à medida que estes vão sendo liberados para a ação, através do braço direito.

Esta ação direita-esquerda, "avanço-retrocesso", pode ser ilustrada por meio do princípio da atiradeira, através do qual a pedra é afastada do Y (da forquilha), em um impulso negativo, para assegurar o impulso necessário do Poder, atingindo o alvo através de uma liberação positiva.

Você deverá lembrar-se do que está escrito no primeiro capítulo do Gênesis, que o SENHOR Deus fez "os dois grandes luminares: o maior para governar o dia e o menor para governar a noite". O braço norte da cruz representa o lado claro do ser, e os três braços inferiores, o lado escuro.

O braço esquerdo da cruz de Malta, braço negativo da Trindade na forma, por si só, simboliza o lado negativo da Vida, no qual os três braços inferiores estão suspensos. Então, é igualmente o braço esquerdo que denota a natureza física do homem, na qualidade de berço, ou cadinho, o qual Deus inunda com seu Poder, condensação da intensidade ígnea de sua Luz.


Ele age desta maneira na esperança de que o homem eleve-se acima deste berço/ cadinho e transcenda o mundo da experiência, que o alquimista percebe como o lado escuro da Vida. A densificação temporal do Espírito, laboratório na Matéria, onde ele é obrigado a comprovar as leis científicas do ser, a fim de retornar à morada permanente do Espírito.

É a partir das densas esferas deste mundo da experiência, que os hindus chamam de mundo de maya, que a alma do homem deve elevar-se, "purificada e alva", até pureza da grande centelha de seu ser, do grande Deus.

A cruz de Malta tem outro significado. Quando a perfeita integração entre Deus e do homem torna-se completa, sobrevém um efeito de queimadura do sol, irradiando a Luz do ponto no centro da cruz. No interior do círculo cósmico da totalidade no ponto que simboliza a individualidade, concentra-se o equilíbrio de Espírito e da Matéria, Unidade Divina de todos os planos, união do Deus Pai/Mãe, preenchendo as espirais de Alfa e Ômega.

Através do sagrado coração da alma, que desposou o Cristo Universal no casamento alquímico, a Luz desce, a Luz brilha!

Deus na Verdade é o Tudo-em-todos, não apenas em princípio, mas também na aplicação prática! Pois este Deus, cujo Cristo nas palavras de Paulo, é Tudo e em todos, é o Tudo-em-todos no seio da manifestação individualizada, feita à sua imagem e semelhança. Assim é a plenitude do reino de Deus, conferido a seus filhos e filhas - através do padrão da cruz de Malta encontra-se o conceito de "Teu é o Poder" realizado!

O Poder de Deus, assim como sua luz/energia/consciência, é confiado a cada homem. É através da utilização correta deste Poder, de todas as maneiras e de acordo com as leis espirituais/ físicas da alquimia, que anuncio aqui à vocês, parcialmente, deixando o restante para sua comunhão mística com o Cosmo, que o homem, sem dúvida alguma, pode vir a compreender melhor o universo e obter a vitória da Vida eterna.

Percebo que minhas obras sobre alquimia afiguraram-se decepcionantes para alguns discípulos em razão dos níveis impróprios de expectativa.

Na verdade, alguns ficaram até mesmo obcecados com a ideia de que eu iria lhes dar alguma fórmula taumatúrgica, por meio da qual, traçando alguns sinais cabalísticos no ar e recitando a palavra ou as palavras secretas, pedras preciosas e até mesmo dinheiro iriam materializar-se em suas mãos, como se "saídas do nada".

Não tenho dúvidas de que, se isso fosse proporcionado a todos, seria o maior abuso concebível de Poder, tanto de minha parte quanto da parte de próprio universo; porquanto, se os homens acreditam ter responsabilidades cármicas na utilização deste Poder, de que já são possuidores, eles devem considerar, por um instante, as responsabilidades que teriam se este Poder fosse aumentado!


Assim, não peçam tanto um aumento do Poder, mas uma maior compreensão da maneira de usar este Poder que já possuem, e observem como o universo, em toda sua grandiosa Sabedoria, explodindo de vontade de conceder-lhes o frescor vital do Ser, irá conferir-lhes, pela apreensão direta, aqueles segredos alquímicos que irão assegurar-lhes não o abuso constante, mas o uso correto e glorioso do Poder de Deus, até a salvação para todos!

Que a paz de Deus esteja com vocês enquanto nos unimos na liberação do entendimento maior, em seu domínio sensato da chama da iluminação.

Saint Germain
Extraído do livro "A Alquimia de Saint Germain"


Obs.: No Curso Ascensional estaremos trabalhando com a CRUZ DE MALTA através do Merkaba da Chama Violeta onde ela está plasmada bem no centro do Merkaba transmutando e perdoando todas nossas imperfeições e culpas que não servem mais ao nosso bem maior e de toda humanidade.

Solange Christtine Ventura




ASPIRAR À VERDADE É ASPIRAR, À DIVINDADE


PLUTARCO E OS 
“MISTÉRIOS DE ÍSIS E OSÍRIS”

(Por Rodrigo Peñaloza, 15-III-2016)


Escrevi há muito tempo um resumo sobre os mistérios de Ísis e Osíris conforme a narração de Plutarco. Julgo conveniente começar com uma citação que extraí da parte 1 da obra De Iside et Osiride, de Plutarco: “Porquanto nada, para o homem, é mais grandioso receber nem, para Deus, é mais augusto agraciar que a verdade”.



AdicionaPlutarco (depois de sua conversão em cidadão romano, 
Lucius Mestrius Plutarchus) é o nome de um filósofo e biógrafo grego, 
nascido em 46 e falecido na mesma cidade de Queroneia, (atual Kaprena, 
região da Beócia) Grécia, em 119. Passou a maior parte de sua vida 
nesta mesma cidade, tendo estudado matemática e filosofia 
na Academia de Atenas (a mesma concebida por Platão) sob 
a responsabilidade de Ammonius, mais tarde vindo a ocupar 
altos cargos públicos.r legenda (InfoEscola)

Sabe-se que o culto de Ísis foi introduzido na Grécia antes de 330 a.C, o que é comprovado por inscrições em Peiraeus. Assim, é natural que, na própria cidade em que Plutarco (50–120 d.C.) nasceu houvesse cultos egípcios e inscrições referentes a Serápis, Ísis e Anúbis. O conjunto das obras morais de Plutarco, conhecido por Moralia, é imenso e, com certeza, a mais popular é a que ficou conhecida com a versão latina do título: De Iside et Osiride. Apesar da presença marcante da religiosidade egípcia na Grécia, Plutarco não era agudamente versado em cultura egípcia, mas certamente possuía um cabedal de conhecimentos razoavelmente elevado quanto a esse tema, provavelmente em decorrência das fontes a que teve acesso, principalmente Heródoto.

Abstraindo-nos, contudo, de pequenos erros constantes na obra, ela é, mesmo assim, reconhecidamente majestosa. Fato interessante é que a obra De Iside et Osiride é dedicada a uma sacerdotisa de Delfos chamada Cléa, a quem Plutarco também dedica uma outra obra de sua Moralia, aquela que fala da bravura das mulheres. Só nos resta imaginar quão esplêndido há-de ter sido o caráter dessa sacerdotisa.

Exporei aqui o mais sucintamente possível o conteúdo da obra de Plutarco sobre os Mistérios de Ísis e Osíris. Os sinais “§” indicam a seção da obra a que se faz referência.


A. Mistérios de Ísis e Osíris

Ísis e a busca da Verdade (§§ 1–7)

A felicidade, que consiste no conhecimento da Verdade, é a mais augusta concessão divina. Plutarco o dize assim o reproduzimos na citação que introduz este ensaio -, logo no começo da obra, dirigindo-se a Cléa: “porquanto nada, para o homem, é mais grandioso receber nem, para Deus, é mais augusto agraciar que a verdade”. Se o homem é imortal, a imortalidade só se justifica pela possibilidade de se conhecer a Verdade. Assim, aspirar à Verdade é aspirar, ao mesmo tempo, à Divindade. Conhecer a Verdade é ser sábio: e Ísis é a deusa da Sabedoria. A sabedoria transcende a razão: ela requer o pensamento filosófico mais profundo. Com efeito, conforme afirma Plutarco, o verdadeiro isíaco recebe a tradição e submete-a à razão, aprofundando a Verdade pela filosofia.

Deus fez o Homem imortal com o objetivo de que conhecesse a Verdade e usufruísse da felicidade. Ísis é um símbolo dessa busca. Quando Plutarco diz que o iniciado nos Mistérios de Ísis deve submeter a tradição à razão e aprofundar a Verdade pela filosofia, quer dizer que os ensinamentos transmitidos aos iniciados isíacos devem ser objeto de reflexão racional, ou seja, de interpretação. O aprofundamento da Verdade sugere uma ampliação gradativa do conhecimento ou das possibilidades interpretativas. É uma afirmação, portanto, de que o conhecimento da Verdade, nos Mistérios de Ísis, também se dá através de graus nos quais o iniciado se aproxima cada vez mais da Verdade.

Os fundamentos dos mitos (§§ 8–11)

Os princípios que os egípcios introduziram em suas cerimônias não são fundamentados em superstições. Têm, ao contrário, fundamento em princípios morais, razões de utilidade, lembranças históricas ou explicações deduzidas dos fenômenos naturais. Tanto é assim que Plutarco adverte que, ao ouvirmos o que a mitologia egípcia relata, não devemos tomar tudo literalmente, mas interpretar.

Plutarco esclarece que, nos Mistérios de Ísis, os relatos mitológicos têm dois lados: o exotérico e o esotérico. O exotérico decorre do relato tal como é; o esotérico decorre do esforço interpretativo do iniciado.

Relato do mito de Ísis-Osíris-Tífon (§§ 12–19)

Aqui começa o relato do mito de Ísis, Osíris e Tífon, segundo a narrativa de Plutarco. Dado que devo ser sucinto, omitirei muitos detalhes, mas, espero, sem afetar a coesão lógica da história.

Réa, deusa do céu, teve uniões secretas com Cronos, deus da terra. O Solou, ainda, Rá, o olho diurno do rosto celeste -, tendo descoberto, amaldiçoou Rá desejando que ela não pudesse dar à luz. Hermes, que dela era enamorado, jogou dados com a Lua, arrebatando-lhe a septuagésima segunda parte de seus dias de luz, formando, assim, cinco dias (com efeito, 360 ¸ 72 = 5, de modo que, adicionando-se esses 5 aos 360, temos os 365 dias do ano religioso). Nesses cinco dias adicionais, os egípcios celebravam o aniversário dos deuses. No primeiro dia nasceu Osíris; no segundo, Aruéris; no terceiro, Tífon; no quarto, Ísis e, no quinto, Néftis, que uns chamavam Teleuté e Afrodite ou ainda Vitória. Tífon, porém, nasceu de uma forma abrupta, fora de seu tempo e rasgando o flanco materno de um só golpe. Por essa razão, o terceiro dia dos dias adicionais era considerado nefasto. Ísis e Osíris, enamorados desde o ventre, uniram-se.

Osíris passou a reinar os egípcios, tirando-os das privações e da ignorância, percorrendo toda a terra para civilizá-la. Na sua ausência, Ísis mantinha estreita vigilância contra as investidas de Tífon, por natureza, malévolo. Regressando Osíris, Tífon planejou matá-lo. Inteirou-se das medidas do corpo de Osíris e construiu um ataúde com as mesmas medidas, decorando-o maravilhosamente e apresentando-o em um festim. Todos, no festim, ficaram arrebatados e Tífon prometeu presenteá-lo àquele que nele coubesse perfeitamente. Obviamente, apenas Osíris coube no esquife. No momento em Osíris lá estava, todos os convidados correram para fechar o ataúde, aprisionando-o lá dentro. Em seguida, o caixão foi jogado ao rio e deixado chegar até o mar pela boca Tanítica. Os Pãs e os Sátiros, que habitavam os arredores de Chemnis, uma cidade do Alto Egito, mais tarde chamada Panópolis, foram os primeiros a saber da tragédia, espalhando a notícia com espanto, a população ficando subitamente atemorizada pelos fatos. Desde então esse temor que tomou conta do povo passou a ser denominado pânico, em lembrança do dia de terrores alardeados pelos Pãs.

Quando Ísis soube, cortou uma mecha de seus cabelos, vestiu-se de luto e saiu vagando amargurada, perguntando a todos que encontrava sobre o paradeiro do esquife. Umas crianças que encontrou finalmente lhe indicaram o paradeiro. Ela também descobriu que Osíris uniu-se com sua irmã Néftis, pensando ser Ísis, e que dessa união nasceu uma criança chamada Anúbis. Encontrou a criança e alimentou-a, convertendo Anúbis em seu guardião e acompanhante.



Em seguida, avisaram-lhe que o esquife estacionara ao pé de uma tamareira, no território de Biblos. O rei de lá mandara cortar o tronco em que estava o esquife invisível e fazer com ele uma coluna para sustentar o teto de seu palácio. Ísis foi para lá, permanecendo silente, pranteando somente. As damas da rainha acolheram-na, pois Ísis se oferecera para entrançar-lhes os cabelos e impregná-las com o perfume que seu próprio corpo exalava. A rainha, encantada com a estrangeira, mandou chamá-la, fez dela sua amiga íntima e nomeou-a ama de leite de seu filho. Ísis, em vez de dar-lhe o seio, punha o dedo na boca da criança, queimando o que havia de mortal em seu corpo. Esse procedimento perdurou até que a rainha, tendo descoberto que Ísis queimava-lhe o filho, privando-o do privilégio da imortalidade, lançou agudos gritos. Foi só então que Ísis descobriu sua qualidade de deusa. Pediu, assim, a coluna, desprendeu-a, cobriu-a e ungiu-a, confiando-a aos cuidados do rei e da rainha. Ao encontrar o caixão, prostrou-se sobre ele, soluçando tão agudamente que o filho mais jovem do rei ficou como morto. Com a ajuda do filho maior do rei, ela o pôs em um navio e zarpou.

Conta Heródoto que, antes de sair em busca do féretro, Ísis confiou seu filho Hórus, que tivera com Osíris, a Outit, para protegê-lo das emboscadas de Tífon e guardá-lo até terminar sua busca. Esse detalhe não aparece na obra de Plutarco, mas esclarece o trecho seguinte da obra, §18, em que Plutarco diz que Ísis, antes de ir em busca de seu filho Hórus, depositou o féretro de Osíris em um lugar afastado. Tífon, porém, descobriu o esconderijo e cortou o corpo de Osíris em quatorze pedaços, lançando-os ao vento. Ísis partiu novamente, agora em um barco de papiro e em busca dos pedaços do corpo de Osíris. Encontrou-os todos, menos o falo, pois, quando Tífon o atirou ao rio, comeram-no o lepidoto, o capatão e o oxirrinco. São peixes e crustáceos da região. Para repor o membro, Ísis construiu uma imitação, daí a celebração do falo pelos egípcios.

Quando Osíris voltou dos infernos, treinou seu filho Hórus para o combate contra Tífon. O combate terminou com a vitória de Hórus. Tífon, amarrado, foi entregue a Ísis, mas esta o libertou. Hórus, indignado, arrancou-lhe da fronte o diadema real. Mas Hermes substituiu o diadema por uma peça com a forma de cabeça de vaca e pôs sobre a cabeça de Ísis.

Osíris, depois de morto, uniu-se novamente a Ísis e dessa união nasceu Harpocratas, prematuro e de pernas débeis. Para uns, Harpocratas é Hórus criança, o Sol nascente.
Para outros, é o Sol no inverno.

As formas e o conteúdo dos mitos (§§ 20–31)

Plutarco rejeita a ideia de que os mitos relatem fatos tais como realmente ocorreram. O mito é a imagem de certa verdade que reflete um mesmo pensamento em diferentes ambientes, “como nos dão a entender esses ritos impregnados de luto e tristeza aparente, essas disposições arquitetônicas dos templos”. Plutarco ilustra essa generalidade com mitos do Egito e da Assíria.

Plutarco também rejeita a ideia de que os mitos apenas relembrem ações históricas de grandes homens ou deuses. Considera mais razoável (junto com Platão, Pitágoras, Xenócrates e Crisipo) a ideia de que os mitos relatem os reveses de “Gênios”. Gênios são homens dotados de uma natureza espiritual superior. Ele diz que “Ísis e Osíris, que foram bons Gênios, foram convertidos em deuses devido às suas virtudes, da mesma maneira como o foram Hércules e Dioniso”. Plutarco aborda aqui, por conseguinte, os fundamentos sócio-históricos dos mitos. Os mitos podem relatar os reveses de homens espiritualmente superiores que viveram entre nós e cujas vidas (ou o significado delas para os seus contemporâneos) foram retratadas, simbolicamente, nos mitos. Esses homens espiritualmente superiores (os gênios) foram elevados à categoria de deuses pelos próprios homens. Os ensinamentos desses gênios foram transmitidos a todos, como se verifica pela diversidade dos mitos em diferentes ambientes, em diferentes nações, mas refletem todos eles um mesmo pensamento. Essa unidade de pensamento se manifesta na natureza lúgubre dos mitos, ou seja, nos aspectos da morte, do sofrimento e do renascimento, e, também, na arquitetura dos templos.

Para ele, portanto, os diferentes mitos possuem um eixo comum.

A tríade Osíris-Ísis-Tífon (§§ 32–55)

Plutarco esboça interpretações mais filosóficas da tríade Osíris-Ísis-Tífon. Começa mencionando os que fazem a associação: Osíris = Nilo; Ísis = Terra; Tífon = mar. Segue apresentando outras interpretações baseadas nos fatos naturais (estações da seca, da chuva, fenômenos astronômicos, como eclipses etc.) até concluir que Tífon simboliza tudo que é nocivo na natureza (§45).

Com o intuito de interpretar a dualidade Osíris-Tífon, faz menção a uma doutrina muito antiga, a de que dois princípios opostos (regularidade e irregularidade) estão mesclados na Natureza. Faz, então, a associação (§52). Osíris é a Alma do mundo, inteligência e razão. De Osíris emana toda regularidade, tudo que é constante e saudável com relação às estações, temperatura, periodicidades etc. Tífon é tudo aquilo que, na alma do mundo, há de apaixonado, subversivo, irracional e impulsivo, tudo de perecível e nocivo no corpo do universo. Simboliza todas as desordens causadas pelas irregularidades e intempéries das estações, eclipses do Sol, ocultações da Lua. É a força opressora e constringente, é o transtorno, o salto para trás.

Após associar Osíris e Tífon ao princípio (hermético) da dualidade, interpreta Ísis como (§§53–55) sendo a Natureza considerada como mulher apta para receber toda geração.

Em suma, Osíris simboliza o princípio universal que torna o universo ordenado e regular. Ísis simboliza a Natureza, enquanto matéria-prima que potencialmente pode receber qualquer forma impressa pelo princípio ordenador. Tífon simboliza os desvios da regularidade, seja por deficiência, seja por excesso.

A tríade Osíris-Ísis-Hórus (§§ 56–66)

A natureza mais perfeita e divina compõe-se de três princípios: inteligência, matéria e mundo organizado (cosmo, o produto da união dos dois primeiros princípios), tríade essa simbolizada pelo triângulo retângulo de lados 3, 4 e 5, que Platão também ilustra na República:




Osíris concede os princípios. Ísis os recebe e distribui. Hórus é o mundo ordenado, resultado, ou melhor, síntese do princípio ativo de Osíris e do passivio de Ísis. Tífon é a perturbação pelo excesso ou pela deficiência.

Plutarco apenas reforça o que foi comentado quanto aos §§32–55, mas acrescenta a interpretação de Hórus, o filho de Osíris e Ísis. Hórus é o cosmo, o mundo ordenado e belo, fruto da inteligência organizadora que atua sobre a matéria-prima do universo.

Unicidade do conteúdo simbólico dos ritos (§§ 67–73)

Assim como o sol, a lua, o firmamento, a terra e o mar são conhecidos por todos os povos, ainda que por nomes diferentes, assim também essa razão única que regula o universo e as potências que a ajudam são objeto de homenagens e denominações que variam com a diversidade dos costumes. Esses diversos nomes e ritos servem de símbolos de uma verdade só: o princípio ternário do universo.

Plutarco afirma que a forma dos ritos varia, mas que seus significados simbólicos são universais e apontam todos para a mesma verdade. Dentro do contexto cultural em que se insere, o dos Mistérios de Ísis, Plutarco faz um belíssimo chamamento à tolerância religiosa e cultural e à visão de que todos os homens compartilham do mesmo desejo pela verdade.

Razões de utilidade (§§ 74–80)

Na parte final sua obra, Plutarco afirma que certos símbolos referem-se a fenômenos úteis ao Homem, isto é, que certos símbolos foram criados devido ao seu caráter educativo.

B. Conclusão

O que subjaz a obra de Plutarco não é propriamente o mito de Ísis e Osíris e suas diversas interpretações, mas um profundo sentimento de tolerância religiosa e cultural. Ao apresentar os diversos níveis interpretativos do mito, Plutarco deixa claro que, sob diversas formas, o mito é comum a todos os povos, pelo menos os principais povos conhecidos da época, embora a substância seja a mesma. E, principalmente, que em todos os casos, o que move a celebração do mito em cada povo é a busca da Verdade. Ele retoma, assim, a abertura da obra, quando diz que a busca da Verdade é o maior presente dos deuses aos homens e o melhor presente que os homens podem receber. Dessa forma, Plutarco defende a ideia de que todos os homens, não importando a cultura nem a religião, ainda que por caminhos aparentemente diferentes, são irmãos em busca de uma mesma Verdade Universal.



*Postagem: Rodrigo Peñaloza
*Imagens: Reprodução


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

NO CAMINHO DO ALÉM

O LIVRO DOS MORTOS


 Foi justamente no Egito que esse enfoque de que a sorte dos mortos dependia do valor da conduta moral enquanto vivo ocorreu pela primeira vez na história da humanidade.



O Livro dos Mortos (cujo nome original, em egípcio antigo, era Livro de Sair Para a Luz) é a designação dada a uma coletânea de feitiços, fórmulas mágicas, orações, hinos e litanias do Antigo Egito, escritos em rolos de papiro e colocados nos túmulos junto das múmias. O objetivo destes textos era ajudar o morto em sua viagem para o outro mundo, afastando eventuais perigos que este poderia encontrar na viagem para o Além.

A ideia central do Livro dos Mortos é o respeito à verdade e à justiça, mostrando o elevado ideal da sociedade egípcia. Era crença geral que diante da deusa Maat de nada valeriam as riquezas, nem a posição social do falecido, mas que apenas os atos seriam levados em conta. Foi justamente no Egito que esse enfoque de que a sorte dos mortos dependia do valor da conduta moral enquanto vivo ocorreu pela primeira vez na história da humanidade. Mil anos mais tarde, — diz Kurt Lange - essa ideia altamente moral não se espalhara ainda por nenhum dos povos civilizados que conhecemos. Em Babilônia, como entre os hebreus, os bons e os maus eram vítimas no além, e sem discernimento, das mesmas vicissitudes.


Não resta dúvida de que o julgamento dos atos após a morte devia preocupar, e muito, a maioria dos egípcios, religiosos que eram. Para os egípcios esse conjunto de textos era considerado como obra do deus Thoth. As fórmulas contidas nesses escritos podiam garantir ao morto uma viagem tranquila para o paraíso e, como estavam grafadas sobre um material de baixo custo, permitiam que qualquer pessoa tivesse acesso a uma terra bem-aventurada, o que antes só estava ao alcance do rei e da nobreza. 

Em verdade, essa compilação de textos era intitulada pelos egípcios de Capítulos do Sair à Luz ou Fórmulas para Voltar à Luz (Reu nu pert em hru), o que por si só já indica o espírito que presidia a reunião dos escritos, ainda que desordenados. Era objetivo desse compêndio, nos ensina o historiador Maurice Crouzet, fornecer ao defunto todas as indicações necessárias para triunfar das inúmeras armadilhas materiais ou espirituais que o esperavam na rota do "ocidente".






O Livro dos Mortos não era um "livro" no sentido coeso da palavra. A atual ideia de livro sugere a existência de um autor (ou autores) que propositadamente redige um texto com um princípio, meio e fim. Em vez disso, os textos que integram o que hoje se denomina por Livro dos Mortos não foram escritos por um único autor nem são todos da mesma época histórica. Um dos escritores mais conhecido por colaborar com uma parte desse livro foi Snefferus S. Karnak.

Os antigos egípcios denominavam a esta coletânea de textos como Prt m hru , o que pode ser traduzido como "A Manifestação do Dia" ou "A Manifestação da Luz". A atual designação é disputada entre duas origens. A primeira refere-se ao título dado aos textos pelo egiptólogo alemão Karl Richard Lepsius quando os publicou, em 1842 - Das Todtenbuch der Ägypter (Todtenbuch, Livro dos Mortos). Afirma-se igualmente que o título possa ser oriundo do nome que os profanadores dos túmulos davam aos papiros que encontravam junto às múmias - em árabe, Kitab al-Mayitun (Livro do Defunto).

Quatro anos após a campanha do Egito da França (1798-1801) é publicado em Paris o primeiro facsimilar de um exemplar do Livro dos mortos. Trata-se do Papyrus Cadet, feito durante a dinastia Ptolemaica para o egípcio Padiamonebnésuttauy. Seguidamente, esse facsimilar é colocado com outros no segundo volume do monumental Descrição do Egito. Essa obra foi publicada entre 1809 e 1828.

TRADUÇÕES

A primeira tradução do Livro dos mortos foi publicada em 1842. Foi uma edição em língua alemã, fruto do trabalho do egiptólogo alemão Karl Richard Lepsius, traduzida com base no Papyrus de Iuef-Ânkh, da época ptolomaica e guardada no museu egiptólogo de Turim. Lepsius dividiu esse papiro, um dos mais completos, em 165 capítulos numerados (um capítulo por cada fórmula mágica distinta). Por razões práticas, essa numeração mesmo que arbitrária é sempre atual no meio da filologia egípcia.

Em 1881 o holandês Willem Pleyte publica 9 capítulos adicionais (166 a 174), mas que foram ignorados pelo suíço Henri Édouard Naville. Este último revelou os seus próprios capítulos adicionais (166 a 186) baseado em diferentes papiros do Novo Império egípcio.

Em 1898 o inglês sir E. A. Wallis Budge publicou uma sua tradução baseado nos papiros que remontam da XVIII.ª dinastia egípcia à dinastia Ptolomaica. A sua edição cresce com os capítulos 187 a 190 retirados do Papyrus de Nu, salvaguardados no British Museum de Londres.

Mais recentemente o americano Thomas George Allen (em 1960) fez uma tradução em língua inglesa com dois capítulos adicionais (191 e 192).

ESTRUTURA

As edições modernas do Livro dos Mortos são compostas por cerca 200 "capítulos", nome que os egiptólogos dão às fórmulas encontradas nos papiros preservados ao longo dos séculos. Nenhum dos papiros conhecidos apresenta o mesmo número de capítulos e de ilustrações (vinhetas). Entre os mais conhecidos, encontra-se o Papiro de Ani, com um total de 24 metros, que se acha atualmente no British Museum, em Londres.

FORMAÇÃO

O Livro dos Mortos data da época do Império Novo, período da história do Antigo Egipto que se inicia por volta de 1580 a.C. e termina em 1160 a.C.. No entanto, a obra recolhe textos mais antigos - do Livro das Pirâmides (Império Antigo) e do Livro dos Sarcófagos (Império Médio).

No Império Antigo foram gravadas várias fórmulas mágicas sobre os muros dos corredores e das câmaras funerárias das pirâmides de Sakara, pertencentes a vários reis da V e da VI dinastias (Unas, Teti, Pepi I, Merenré e Pepi II). Estes textos são conhecidos como Textos das Pirâmides. Nesta altura a possibilidade de uma vida depois da morte era apenas acessível aos reis.

A partir da VII dinastia egípcia verifica-se uma "democratização" da possibilidade de ascender a uma vida no Além. Esta não será mais reservada apenas ao soberano, mas será também possível para os nobres e os altos funcionários, e progressivamente estender-se-á a toda a população. Durante o Império Médio os textos usados pelos reis foram modificados, ao mesmo tempo que surgiram novos textos que mantinham a sua função de ajudar o morto no caminho do Além. Os textos passaram a ser escritos no interior dos sarcófagos (na madeira) dos nobres e dos funcionários, sendo por isso conhecidos como Textos dos Sarcófagos.

Durante o Império Novo reuniram-se textos funerários de períodos anteriores (Textos das Pirâmides e Textos dos Sarcófagos), ao mesmo tempo que se redigiram novos textos, escritos em rolos de papiro e colocados junto das múmias nos túmulos. A colectânea destes textos é hoje conhecida como Livro dos Mortos.

Existem algumas versões locais do Livro dos Mortos, que apresentam pequenas diferenças.



A chamada "recensão tebana", escrita em hieróglifos (e mais tarde em hierático) sobre papiro, encontra-se dividida em capítulos sem uma ordem determinada, embora a maioria deles possua um título. 

Esta versão foi utilizada entre a XVII e a XXI dinastia egípcia não apenas pelos faraós, mas também pelas pessoas comuns.

Na "recensão Saíta", usada a partir da XXVI dinastia (século VII a.C.) e até o fim da era ptolomaica, fixou-se de forma definitiva a ordem dos capítulos.


*Postagem: Arcanoteca



Foste Justo?

"Muitas culturas acreditam em determinados tipos de paraísos que irão desfrutar após a morte; umas acreditam num céu cheio de belas mulheres, bebidas a vontade; outras culturas o paraíso seria um campo de caça. Em se tratando dos egípcios, esse paraíso seria um campo de Farta Alimentação.

"Essa ideia dos egípcios, vem do fato de terem sofrido muito com a fome e a pobreza, e um local onde tivesse alimento em abundância era um sonho comum naquela época (“não muito diferente de hoje em dia”).



Então, para alcançar esse tão almejado paraíso, o recém falecido, na entrada, deveria ser capaz de responder corretamente à Osíris, as perguntas e respostas encontradas no Livro da Morte. 
Esse Livro, feito em rolos de papiro, continha principalmente preceitos mágicos e ladainhas que versavam sobre o destino dos que morreram. 
Ele orientava as pessoas quanto aos caminhos a seguir para atingir o reino dos céus. 
Respondendo corretamente essas perguntas, sem hesitação ou evasivas, Osíris pegava uma balança, e em um dos pratos colocava as respostas dadas pelo falecido (às vezes a representação é feita por um coração), e no outro prato colocava uma pena, se as respostas fossem verdadeiras, pesariam menos que a pena, assim a alma seguiria para o paraíso eterno, mas se fossem falsas, elas pesariam mais e a alma voltaria ao seu túmulo, para ser entregue como banquete aos crocodilos.



Algumas perguntas e respostas contidas no Livro dos Mortos

Pergunta - Foste Justo?

Resposta - Nunca cometi injustiça contra os homens.

P - Foste bom para o pobre?

- Nunca oprimi o pobre ou necessitado.

P - Cometestes quaisquer outros pecados?

R - Dos seguintes pecados, ò Senhor da Verdade e da Justiça, eu estou livre: não sobrecarreguei o lavrador além de sua força ... nunca afugentei de minha porta um faminto ... nunca fui causa de pranto alheio ... não matei ninguém ... não atraiçoei ninguém ... não roubei nem ouro, nem prata, nem pão dos templos dos deuses ... não cometi nenhum vergonhoso ato carnal dentro do templo ... nunca enganei meu vizinho ... nunca furtei leite da boca das criancinhas de peito ... nunca apanhei de rede os pássaros dos deuses ... sou puro, ó Grande Osíris. Sou puro. Sou Puro."

*Escrito por: Eduardo Logan

“Os membros da realeza dessa época tinham textos funerários especiais que adornavam as paredes e os tetos de seus túmulos no Vale dos Reis. Um deles, chamado AmDuat, era um guia ilustrado para atravessar os perigos do mundo subterrâneo. Incluía uma detalhada descrição das doze horas que o deus do Sol Rá passava todas as noites debaixo da terra, quando se punha a Oeste.” (DERSIN, 2007, p. 152)

...

"O documento mais antigo que se tem conhecimento, comprovando esses fatos, sob o ponto de vista individual, é a famosa Confissão Negativa. Tratava-se de um papiro encontrado com as múmias do Novo Império Egípcio. Tal documento fazia parte do Livro dos Mortos, que data de três milênios e meio. São trechos extraídos do Capítulo 126 do citado livro e passaram a fazer parte do testamento do morto, a saber:

...

"Ressurreição e vida futura, a grande idéia central da imortalidade, o viver no além túmulo, a natureza divina e o julgamento moral dos mortos, tudo isso está na coleção de textos religiosos que é o Livro dos Mortos, cujo verdadeiro nome é "Saída para a Luz do Dia"____“Homenagem a ti, grande Deus, Senhor da Verdade e da Justiça! / Não fiz mal algum.../ Não matei os animais sagrados/ Não prejudiquei as lavouras.../ Não sujei a água/ Não usurpei a terra/ Não fiz um senhor maltratar o escravo.../ Não repeli a água em seu tempo/ Não cortei um dique.../ Sou puro, sou puro, sou puro!”

*Postagem: Guia heu


*Imagens: Reprodução